domingo, 26 de dezembro de 2010

34º ANIVERSÁRIO DO PCTP

A 26 de Dezembro de 1976, principiava o Congresso da Fundação do Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses, marco de grande importância para os comunistas, operários, trabalhadores em geral, com isso a tarefa do MRPP estava cumprida, começava a verdadeira longa marcha para a instauração de uma sociedade sem exploração e opressão.
Há precisamente 34 anos, o camarada Arnaldo Matos, secretário-geral, fazia uma declaração solene e histórica, que passamos a transcrever:
“Caros camaradas,
Está fundado o Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses!
Caros camaradas,
O Partido por que deram a vida Ribeiro Santos e Alexandrino de Sousa nasceu com o auxílio do esforço de todos os camaradas e com o sangue deste dois nossos gloriosos militantes.
A tarefa fundamental do MRPP está cumprida. O trabalho a que se dedicaram todos operários de vanguarda, os revolucionários comunistas no nosso país, está cumprido.
Na verdade, apenas vamos começar a verdadeira longa marcha. Demos o primeiro passo, um passo que nos levou seis anos a cumprir, um passo cheio de experiencia, cheio de luta, cheio de unidade, cheio de vitória. Mas a verdadeira luta, camaradas, começa no preciso momento em que o Partido se fundou.
O Partido é o estado-maior da classe operária para fazer a Revolução, para tomar o Poder, para instaurar a Ditadura do Proletariado, para edificar o Socialismo e instaurar em todo o mundo o Comunismo, a última esperança, aquilo por que lutam os explorados e oprimidos, por que luta toda a classe operária de todos os países.
Começamos apenas o caminho, Camaradas, ousemos continuar esse caminho, tal como em seis anos nunca vergámos.”

Viva o PCTP/MRPP!

Viva a Classe Operária!

Viva o Povo trabalhador!

Viva a Revolução!

Viva o Comunismo!

(in Luta Popular Online)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

GREVE GERAL PARALISA ALGARVE

A Greve Geral de ontem afectou todos os sectores da vida Algarvia, como transportes, tribunais, autarquias, administração pública, escolas e Universidade. Mesmo no sector do turismo, numa altura em que as unidades hoteleiras se encontram com baixa ocupação, a Greve fez-se sentir.
Segundo o Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup) “os objectivos foram atingidos”, com 90% cento de adesão na Universidade do Algarve e de “uma greve com adesão significativa entre os funcionários não docentes” e da “não comparência de alunos”. No concelho de Faro encerraram as escolas: EB 2/3 Neves Júnior, EB 2/3 Joaquim Magalhães, EB1 S. Luís, EB 2/3 Sto. António, EB1 Penha, EB 2/3 D. Afonso III, EB1 Carmo, Sec. João de Deus, EB 2/3 Montenegro, JI/EB1 Montenegro, EB1 Montenegro, EB1 Pontes de Marchil, EB1 Patacão, EB1 Ancão e EB2/3 de Estoi. Em Olhão, os estabelecimentos de ensino encerrados foram: EB 2/3 Carlos da Maia, 2/3 Paula Nogueira, EB1 nº 4, EB 2/3 Alberto Iria, EB 2/3 João da Rosa, EB1 Cavalinha, BI/JI nº 6, EB 2/3 Moncarapacho e Secundária de Olhão. Em Monchique, a EB1 nº1, EB1 nº2, e JI Monchique. Em Vila do Bispo foi afectada a EB2/3 Vila Bispo e em Loulé não houve aulas na EB2/3 Padre Cabanita e Secundária de Loulé. Em Albufeira as escolas sem aulas foram: EB2/3 Paderne, EB/Secundária de Albufeira e Secundária de Albufeira. Ficaram ainda sem aulas a EB 2/3 Silves, a Secundária de Lagoa e a EB 2/3 Parchal, em Lagoa; a Secundária de Vila Real de Santo António, a Secundária de Lagos, a Secundária Laura Ayres e a EB 2/3 S. Pedro do Mar, em Quarteira, a Secundária Manuel Teixeira Gomes e EB 2/3 Júdice Fialho, em Portimão.
A greve afectou ainda vários serviços das autarquias locais. Na câmara de Albufeira, os dados da União de Sindicatos indicam que os estaleiros estavam 80 por cento em greve. Dos oito electricistas apenas dois estavam a trabalhar, o sector do lixo estava com 85 por cento de greve, a secção de pessoal esteve fechada, a secção de contabilidade apenas teve quatro, dos 18 funcionários, ao serviço, o atendimento ao público não abriu, a tesouraria também não, as escolas encerradas, a biblioteca fechada, a secção de educação estava fechada, assim como o gabinete da presidência e vereação.
Na autarquia de Aljezur o cenário foi o seguinte: escola encerrada, lixo com 70 por cento de greve, edifício da Câmara Municipal encerrado, armazéns encerrados, jardim-de-infância teve apenas uma de três salas a funcionar, cantoneiros de limpeza (varredores) 100 por cento de adesão à greve, cantina fechada, secção de obras adesão de 80 por cento.
No município de Alcoutim registou-se 80 por cento de adesão à greve e as escolas estavam fechadas.
Na autarquia de Faro a adesão foi de 20 por cento no sector administrativo, devido a grandes pressões do Presidente Macãrio Correia. O sector de fiscalização estava encerrado. No que respeita à empresa municipal FAGAR, o edifício registou 20 por cento de adesão, contadores e canalizadores 50 por cento de adesão, secção de pintura 60 por cento de adesão, carpintaria 50 por cento de adesão, jardins 10 por cento de adesão.
A Câmara de Lagoa, teve os armazéns fechados, no edifício da autarquia houve 30 por cento de adesão, nos jardins 50 por cento, as piscinas estiveram encerradas, armazéns de logística fechados, secção de águas, quatro trabalhadores em greve, num total de 10, pavilhão desportivo fechado, limpeza e saneamento 100 por cento de greve, parque de viaturas 100 por cento de greve.
No município de Loulé a adesão foi de 100 por cento nas secções de lixo, tesouraria, águas, electricidade, contabilidade e obras. No mesmo concelho houve uma adesão de 50 por cento nas secções de carpintaria e no edifício da Câmara Municipal.
Na câmara de Monchique houve 100 por cento de adesão à Greve Geral nos armazéns e na recolha do lixo, 90 por cento no edifício da autarquia e 80 por cento nas escolas.
Quanto ao município de Olhão, os dados da USAL indicam uma adesão de 100 por cento na recolha do lixo noite e na secção de obras, 80 por cento na secção de trânsito, 75 por cento no saneamento, e 50 por cento na recolha de lixo dia.
Na autarquia de Portimão, os armazéns aderiram a 100 por cento, a secção de fiscalização esteve fechada e o edifício camarário contou com 40 por cento dos funcionários em greve.
Quanto à câmara de Silves, a secção de recursos humanos registou 98 por cento de adesão à greve, as secções de carpintaria, de electricidade e pintura aderiram a 100 por cento, a secção de expediente 99 por cento, a DGU 97 por cento, a secção de águas 90 por cento e a secção de cultura 50 por cento.
No município de Tavira estiveram fechadas as secções de pessoal e de taxas e licenças, a adesão é também de 100 por cento na secção de desporto e nos motoristas, os armazéns registaram 98 por cento de adesão e o edifício da autarquia 80 por cento. A Loja do Cidadão, que inclui alguns serviços camarários, não chegou a abrir.
A câmara de Vila do Bispo registou uma adesão no concelho de 30 por cento.
No município de Vila Real de Santo António estavam fechadas as oficinas, as escolas e 99 por cento da Solvia. A secção de limpeza autárquica esteve toda em greve.
No que respeita aos Bombeiros, os Municipais de Tavira e os Voluntários de Vila do Bispo estavam a cumprir serviços mínimos.
Nas juntas de freguesia do distrito de Faro estavam encerradas: Albufeira, Paderne, Alte, Porches, Santa Luzia, Pereiro, Aljezur, Odeleite, Carvoeiro, São Pedro, Lagoa, Barão de S. João, Santa Bárbara de Nexe, Bensafrim, São Sebastião e Santa Maria, em Lagos, Odiáxere, Benafim, São Clemente, Quarteira, Mexilhoeira Grande, Alcantarilha, Portimão, Silves; Cabanas, Santo Estêvão e Santa Maria em Tavira, Barão de São Miguel, Monte Gordo e Vila Nova de Cacela.
No sector de enfermagem a adesão à greve foi, no turno da manhã, de 83 por cento no Hospital de Faro (não se realizaram 80 por cento das consultas externas e cirurgias só de urgência), 93 por cento no Hospital de Portimão, 93 por cento no Hospital de Lagos e no Instituto da Droga e da Toxicodependência a adesão foi de 100 por cento no turno da noite e de 46 por cento no turno da manhã.
Nos organismos da administração pública, a USAL indica que estavam encerrados o IPJ, os Bares do Serviço de Acção Social da Universidade do Algarve e o Instituto Geográfico/Cadastral, este último com uma adesão de 90 por cento. No Centro Distrital de Segurança Social a adesão foi de 80 por cento. Os serviços de Segurança Social estiveram ainda encerrados em Olhão e Loulé.
Por sua vez, o Sindicato dos Funcionários Judiciais refere que a adesão à Greve Geral foi de 100 por cento em tribunais como Olhão e Faro.
O Aeroporto de Faro não teve voos a operar devido à forte adesão à greve por parte dos trabalhadores do Aeroporto de Faro. Algumas companhias optaram por embarcar os passageiros a partir do Aeroporto de Sevilha.
Adesão em massa foi também a dos trabalhadores portuários do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM), os pilotos da barra e os controladores de tráfego marítimo, o que levou ao encerramento de todas as barras e portos do Algarve.
De Sagres a Vila Real de Santo António, foram afectadas todas as actividades e operações portuárias com os navios mercantes, de comércio, cruzeiros, pescas e recreio e nos estaleiros.
No Porto de Portimão um navio de cruzeiros, o "Saga Pearl II", com 446 passageiros e 252 tripulantes a bordo, cancelou a escala e desviou a rota para o Porto de Sevilha.
No Porto de Faro, um navio mercante que esperava atracação para carregar 2.200 toneladas de alfarroba, com destino ao Reino Unido, ficou ao largo.
Trabalhadores da pesca deixaram as embarcações de pesca amarradas ao cais, protesto a que se juntaram os trabalhadores da Docapesca e dos estaleiros. Em Olhão, a frota de pesca da sardinha do Porto de Olhão, constituída por 10 embarcações, não saiu para o mar.
No supermercado Lidl, em Tavira, os trabalhadores aderiram em massa. O espaço comercial abriu com dois chefes, um a repor a fruta e outro à caixa.
A adesão de alguns dos seus trabalhadores à Greve Geral e a presença de um piquete de greve à porta levou a gerência do Pingo Doce a chamar a PSP de Olhão. “O sector não estava habituado a que os seus trabalhadores aderissem a lutas por melhores condições de trabalho”, diz o sindicato.
Nos comboios, apenas circularam os previstos pelos serviços mínimos, e ainda assim com alguns atrasos. A CP e a REFER, de uma forma abusiva e até ilegal, lograram impor a circulação de 13 circulações, tendo algumas delas circulado quase sem passageiros. Na rodovia a adesão também foi grande, sendo que grande parte dos carros que saiu eram conduzidos por motoristas a contrato.

O Algarve esteve eclipsado no dia de ontem, ao contrário do que possa ter parecido à Ministra do Trabalho

Estima-se que a nível nacional tenha havido mais de 3 milhões de grevistas. Muitos outros tiveram vontade de se lhes juntarem, mas ou por pressões das entidades patronais ou por débeis vínculos contratuais, não o puderam fazer. Juntando a estes os que já não trabalham ou se encontram desempregados, é um número que representa uma larga maioria, mais que absoluta, da população que está abertamente contra a política do grande capital, personificada em José Sócrates. A vontade de lutar, viu-se ontem, é enorme, há que a transformar em luta com objectivos precisos. As centrais sindicais e os sindicatos, não conseguem tirar daqui as ilações devidas por estarem atolados pelo oportunismo, com o revisionismo à cabeça. A luta imediata de toda esta massa de descontentes, tem de ser o derrube do governo Sócrates e a formação de “um governo democrático que sirva o trabalho e não o capital, que adopte um plano efectivo de desenvolvimento económico e de apoio a todos os sectores produtivos, que elimine o desemprego, que redistribua o rendimento e que reponha o direito à saúde, à educação e à segurança social. Num tal governo devem poder participar partidos, personalidades e sectores democráticos que não estejam comprometidos com o desastre a que chegou o país e que representem o eleitorado popular.” E como objectivo mais avançado a instauração do Socialismo.
É com estes objectivos que devemos participar no protesto conjunto dos trabalhadores de vários países da UE em 15 de Dezembro em Bruxelas.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

lunidvitoria.jpgEm frente com a Greve Geral de 24 de Novembro!






PARAR O PAÍS PARA DERRUBAR O GOVERNO E SALVAR QUEM TRABALHA!

Um grupo de grandes capitalistas e especuladores, apoiados pela alta finança internacional e tendo como instrumentos a União Europeia, um governo de lacaios e uma imprensa vendida, desencadeou contra os trabalhadores e contra o povo português aquele que é certamente o maior ataque às suas condições de vida ocorrido nos últimos cinquenta anos.
De surpresa, logo após as eleições legislativas de há um ano, nas quais foi prometido um apoio acrescido às vítimas da crise económica e uma forte acção do governo para combater o desemprego, foi tudo o contrário aquilo que se passou. Os desempregados ultrapassam já os 11% da população activa e os subsídios e apoios a estes vão sendo sistematicamente eliminados. Pela primeira vez na nossa história recente, os salários dos trabalhadores começaram a ser diminuídos em termos nominais e os impostos sobre o trabalho não cessam de aumentar. As reformas de miséria dos trabalhadores já começaram também a ser reduzidas, enquanto os gastos com medicamentos e com bens essenciais sofrem aumentos em cada dia que passa.
Vilmente explorado no emprego e em situações de desemprego e de reforma, cada trabalhador português é, além disso, permanentemente perseguido por medidas sucessivas que lhe sugam as parcas economias que ainda consegue trazer para casa. Sob a forma de impostos, mais de metade do seu rendimento anual médio vai hoje parar directamente às grandes instituições financeiras, para pagamento de juros e amortizações de uma dívida pública contraída pelo governo a mando dos capitalistas e para benefício exclusivo destes.
É esta a engrenagem mortal que asfixia o país e liquida as suas forças produtivas, ao mesmo tempo que enche os bolsos a uma minoria de grandes capitalistas e seus serventuários. Num dos jornais de referência destes últimos, vinha há dias publicado um texto tão notável como execrável, da autoria de um destacado e aplaudido colunista semanal do mesmo, no qual, a propósito da actual crise e das suas soluções, se diz o seguinte:
«A democracia é a suprema superstição contemporânea. (…) Confio que, enfim governados por sábios insensíveis aos clamores da rua, nos aguarda um futuro risonho. O mundo é hoje demasiado complexo para admitirmos que as sociedades estejam dependentes dos caprichos de eleitorados ignorantes em grande medida parasitas do Estado Social. Talvez não haja emprego para todos, mas a verdade é que nem todos querem trabalhar. Talvez alguns se escandalizem com as desigualdades económicas, mas é preciso premiar o mérito. Os que estão a mais, tarde ou cedo serão forçados a aceitar que, como lapidarmente proclamou o Reverendo Malthus: “Não há lugar para eles no banquete da Natureza.”»
(J. Pinto e Castro, Jornal de Negócios, 20/10/2010)

luv_cartaz.jpgÉ este, nu e cru, o pensamento da classe parasitária que governa o país. Para esta, a democracia é um verbo de encher para enganar o “eleitorado ignorante”; o futuro é “risonho” para os exploradores e privilegiados; os que estão desempregados são os que não querem trabalhar; os ricos e os pobres têm aquilo que merecem; e, como defendia Malthus há duzentos anos, a população excedentária há que liquidá-la, devendo as primeiras vítimas ser escolhidas naturalmente de entre os mais vulneráveis, os velhos e as crianças – “não há lugar para eles no banquete da Natureza”. É este, sem tirar nem pôr, o real significado das “medidas de austeridade” decretadas pelo governo contra a população trabalhadora em Portugal.
No próximo dia 24 de Novembro ocorrerá um importante confronto entre a classe capitalista (representada pelos “sábios insensíveis”) e as classes trabalhadoras (os protagonistas do “clamor da rua”). A preocupação central de cada trabalhador nesta hora dramática e decisiva para o seu futuro e da sua classe tem de ser a de preparar meticulosamente a greve geral nacional convocada pelas centrais sindicais e pelos sindicatos representativos dos trabalhadores.
É preciso garantir que todas as empresas e locais de trabalho, os transportes, o comércio e as escolas paralisem nesse dia. A constituição de comités de greve, a firme resistência à imposição de “serviços mínimos” destinados a boicotar esta jornada de luta, a ocupação dos locais de trabalho durante a greve, são acções e tarefas que têm de ser preparadas desde já com todo o vigor e determinação.
Os trabalhadores mais conscientes da importância desta greve geral devem assumir a tarefa de mobilização de todos os seus camaradas de trabalho e também de todas as camadas da população que são vítimas das ditas “medidas de austeridade”, os desempregados, os reformados, os jovens estudantes e trabalhadores, os pequenos proprietários e todos os sectores democráticos da população.
A greve geral de 24 de Novembro tem de servir para colocar nas mãos dos trabalhadores o poder de iniciativa na guerra social que está em curso no país, retirando essa iniciativa ao governo e ao patronato. Em lugar de se permitir que sejam os partidos do capital, o PS e o PSD, a provocar eleições antecipadas no momento e nas condições que mais lhes convierem, deve-se desde já impor o derrubamento do governo Sócrates pela força e unidade dos trabalhadores e do povo português.
O governo actual não tem legitimidade para continuar a governar o país porque nenhuma das medidas anti-operárias e antipopulares que constam dos sucessivos “Planos de Estabilidade e Crescimento” e do Orçamento Geral do Estado para 2011 estavam inscritas n o seu programa eleitoral. Também o parlamento perdeu a sua legitimidade no momento em que aprovou aquelas medidas, devendo por isso ser imediatamente dissolvido.
A força necessária para derrubar o governo Sócrates é a força que poderá impor um novo governo – um governo democrático que sirva o trabalho e não o capital, que adopte um plano efectivo de desenvolvimento económico e de apoio a todos os sectores produtivos, que elimine o desemprego, que redistribua o rendimento e que reponha o direito à saúde, à educação e à segurança social. Num tal governo devem poder participar partidos, personalidades e sectores democráticos que não estejam comprometidos com o desastre a que chegou o país e que representem o eleitorado popular.
Os trabalhadores portugueses não estão sozinhos na presente emergência. A nível europeu travam-se neste momento grandes combates com a mesma natureza – na Grécia, em França e em muitos outros países. É importante que estas frentes de luta se unam numa só, contra as políticas emanadas da União Europeia e por uma alternativa global às mesmas. Para isso, é importante que todos os trabalhadores, em cada país, ergam bem alto a bandeira da luta, da unidade e da vitória.

EM FRENTE COM A GREVE GERAL NACIONAL!

NO DIA 24 DE NOVEMBRO, VAMOS PARAR O PAÍS!

3 de Novembro 2010

A Linha Sindical Luta-Unidade-Vitória



segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Ainda sobre os 40 anos do MRPP


Em 1970 é publicado o jornal "Bandeira Vermelha", como órgão teórico e o "Luta Popular" em 1971, como órgão de massas e órgão central. O MRPP teve um papel preponderante na luta contra a ditadura fascista antes do 25 de Abril de 1974, especialmente entre estudantes e operários. Sofreu a repressão da Pide e outras forças policiais e viu um dos seus mais destacados militantes, Ribeiro Santos um estudante , ser assassinado por aquela polícia política, a 12 de Outubro de 1972. O seu funeral foi uma grande jornada de luta. Houve violentos confrontos com a polícia de choque e populares, começando o regime a mostrar provas de vacilação face às movimentações de massas, já dirigidas pelo MRPP e libertas do espartilho legalista do P"C"P.
1.png Depois do 25 de Abril sofreu a perseguição dos novos fascistas e social-fascistas, tendo o Director do "Luta Popular", sido encarcerado. O argumento foi o artigo com o título “Nem mais um embarque”, onde se apelava à recusa de embarque de soldados para as ex-colónias.
Após a legalização, a 18 de Fevereiro de 1975, o Conselho de Revolução, numa reunião em 27 de Maio de 1975, decidiu calar o MRPP. Forças militares do COPCON, comandadas por Otelo Saraiva de Carvalho atacam as sedes na região de Lisboa: em 28 de Maio, foram presos mais de 400 militantes do MRPP. Curiosamente, aquela era a data do golpe militar que levou Salazar ao poder.  Entre os detidos, encontrava-se o camarada Arnaldo Matos, único Secretário-Geral do Movimento. Por todo o lado houve um grande movimento de solidariedade sob a palavra de ordem, gritada e pintada nas paredes,  “Libertação imediata do camarada Arnaldo Matos ", o que viria a acontecer em Julho desse ano.
Nas chamadas primeiras eleições livres em Portugal, a 25 de Abril de 1974, o MRPP foi ilegalizado e impedido de participar, tendo na altura apelado ao "boicote activo à farsa eleitoral".
A 9 de Outubro de 1975, Alexandrino de Sousa, outro estudante e militante da FEM-L (Federação dos Estudantes Marxistas-Leninistas, organização do MRPP para a juventude estudantil), integrava uma brigada que, na Praça do Comércio em Lisboa, colava cartazes a convocar uma Romagem ao cemitério para assinalar o 3º aniversário do assassinato de Ribeiro Santos. Os membros da brigada foram subitamente cercados por dezenas de elementos da UDPide que, aproveitando-se da sua superioridade numérica, os insultaram e agrediram, lançando-os de seguida ao rio Tejo. Apesar de gritar que não sabia nadar, foi bárbaramente agredido.Com a ajuda de populares que vieram em seu socorro, os restantes membros da brigada foram levados para o hospital para serem tratados, mas Alexandrino de Sousa foi retirado da água já morto, por afogamento.
A luta pela Sociedade Socialista, trouxe para a primeira linha de combate os militantes do MRPP que foram os primeiros a opor-se à instauração de uma ditadura social-fascista, intentada pelos revisionistas do P"C"P. Nos campos, nas fábricas , nas escolas, nos quartéis, nos bairros, por todo o lado a acção do MRPP se fazia sentir, estando sempre os seus militantes na crista da luta.
A de 26 de Dezembro de 1976, o MRPP, realizou o seu I Congresso, o da Fundação do Partido e passou a designar-se Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses, com a sigla PCTP/MRPP.
 

domingo, 19 de setembro de 2010

Os 40 anos do MRPP
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Passou no dia 18 de Setembro, o 40º aniversário da fundação do MRPP, movimento que deu origem ao nosso Partido. Somos portanto, o 2º partido mais antigo de Portugal. O MRPP (Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado) foi fundado em 18 de Setembro de 1970 (ano do centenário do nascimento de Lenine), numa casa da Estrada do Poço do Chão, em Benfica, Lisboa, por apenas 4 elementos, sob a direcção do camarada Arnaldo Matos. Na base do seu surgimento está a necessidade de uma organização revolucionária, guiada por uma ideologia também ela revolucionária, que tivesse como horizonte a tomada do poder político e a instauração de uma sociedade Socialista. "O P”C”P, a sua ideologia, o seu programa “democrático-nacional” e o seu mais do que nunca desbragado oportunismo legalista são a expressão cada vez mais clara dum processo de controlo do proletariado português por uma organização da burguesia", dizia-se na Resolução sobre a Fundação do MRPP e a criação do Comité Lenine."Isto, porque o Partido que durante quase meio-século pretendeu ser o seu organizador e o seu guia não é um partido do proletariado, mas a expressão política e ideológica da pequena-burguesia; porque o P”C”P é um agente da burguesia no seio do proletariado, pretendendo arrastá-lo atrás dos objectivos reformistas daquela, pretendendo imolar o proletariado no altar dos interesses dos seus inimigos de classe", podia-se ler também naquela resolução.
Tal como nessa altura, é ainda hoje imperioso a criação de um forte, coeso e ideologicamente bem armado Partido Comunista. O MRPP cumpriu a sua missão, a da criação de condições para a fundação do Partido do Proletariado. Agora há que tomar em mãos essa experiência e alargá-la para a fundação da sociedade Socialista. Esse caminho só se percorre através da Revolução, não nos iludamos com as teorias "das mais amplas liberdades democráticas" do P"C"P ou da democracia para todos do B"E". A Ditadura do Proletariado é o caminho a seguir para a instauração daquela sociedade, livre da exploração do homem pelo seu semelhante.
Como diz no final do ponto 1 daquela Resolução: "A tarefa central que se coloca hoje aos quadros de vanguarda do proletariado e aos seus aliados militantes noutros extractos sociais, para iniciar a marcha revolucionária da Revolução Democrática e Popular e da Revolução Socialista é a da reorganização da classe dos proletários com a fundação do Partido que dirija a sua luta emancipadora."
VIVA O 18 DE SETEMBRO!
VIVA A CLASSE OPERÁRIA!
VIVA O COMUNISMO!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Tertúlia da Associação Casa Álvaro de Campos

Decorreu ontem, 26 de Abril, num restaurante de S. Luzia, Tavira, a primeira de algumas tertúlias programadas pela Associação Casa Álvaro de Campos. Com um carácter eminentemente político, aliado à faceta cultural própria desta associação, a tertúlia foi bastante concorrida, tendo suplantado as expectativas dos organizadores, o que prova que cada vez mais as pessoas estão dispostas a discutir problemas políticos.


Todas as forças políticas, representadas no Concelho, foram convidadas e marcaram presença através dos seus dirigentes locais. Pelo nosso Partido esteve presente o camarada António Gamboa, ali residente, e o camarada Carlos Paisana, que residente em Lisboa, marcou presença na qualidade de amigo de longa data do actual presidente daquela Associação, o Dr. Carlos Lopes.

Convidado para fazer a intervenção que serviria de debate, o presidente da Câmara Municipal de Tavira, Dr. Jorge Botelho, fez o seu balanço dos primeiros 6 meses à frente da autarquia. Ficámos a saber que o actual presidente não tinha conhecimento da real situação da Câmara e que a sua concepção de cidade e de gestão autárquica, não diferem em muito do seu antecessor, Eng. Macário Correia. Também as oposições, na Assembleia Municipal, nada de novo têm a apresentar, a não ser questões de pormenor como saber se a nova via ao trânsito na Praça da República deveria ter sido feita ou não, ou se, o espírito de abertura enunciado pelo presidente, levará a um alargamento do Rio Gilão(?).

As questões essenciais sobre o que deve ser uma cidade no Século XXI, a quem deve servir, como se organiza, como se desenvolve, como capta e mantém as suas forças produtivas, como deve funcionar toda a orgânica de um Concelho, a sua envolvência regional, não foram ali abordadas. As Cidades e Concelhos de Progresso, Cultura e Bem-estar, para os seus munícipes ainda estão longe, mas o futuro pode e deve ser começado a construir agora.

Este tipo de iniciativas e este tipo de associações, são sempre de louvar e apoiar, principalmente numa época em que os valores nos são apresentados como normalizados e prontos a usar. Que mil exemplos deste floresçam!

sábado, 6 de março de 2010

Os fumos da Corticeira Amorim

Apesar das garantias dadas pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve e pela Amorim Isolamentos de que o fumo não é nocivo para a saúde, há queixas de quem vive perto da fábrica de transformação de cortiça, em Silves.
Foi feita uma queixa, há um par de anos, por residentes ingleses, devido à emissão de fumos, e há poucos meses estava também a ser feito um abaixo-assinado nas localidades mais próximas.
A Câmara de Silves diz não ter conhecimento de qualquer queixa, apesar desta ter sido dada a conhecer à autarquia, conforme documentos a que o Jornal Barlavento diz ter tido acesso.
No local, as opiniões dividem-se entre os moradores, portugueses e estrangeiros. Enquanto alguns dizem que o fumo poderá ser nocivo, já tendo havido problemas de saúde, outros consideram que o problema é o incómodo visual e o mau cheiro.
Todos reconhecem que a fábrica é importante para o concelho, dando emprego a cerca de quatro dezenas de pessoas, mas isto não basta para que se possa impunemete cometer todo o tipo de atentados à saúde de quem ali mora e trabalha. A conivência entre a Administração e a Camâra são evidentes, devendo os moradores, nacionais e estrangeiros, e trabalhadores prosseguirem numa luta conjunta para que de uma vez por todas seja resolvida a emissão de fumos nocívos e mal cheirosos.




quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Enfermeiros com adesão massiva à greve

A greve atingiu grande parte dos serviços de saúde no Algarve, com adesões que rondaram em muitos casos os 100 por cento. Os hospitais foram os mais afectados.
No turno da tarde do primeiro dia da greve dos enfermeiros, os 111 profissionais escalados no Hospital Central de Faro aderiram ao protesto, atingindo por isso os 100 por cento, contra 85,6% no período da manhã.

Já no Centro Hospitalar do Barlavento, à tarde, 67 dos 69 enfermeiros fizeram greve.
Os hospitais de Faro, Portimão e Lagos foram as unidades de saúde que registaram maior adesão à greve dos enfermeiros, no período da manhã. No Centro Hospitalar do Barlavento, a adesão, segundo o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), foi de 96 por cento. Já os dados oficiais, disponibilizados pelo Ministério da Saúde, apontam para 97,6 por cento, com 164 dos 168 enfermeiros escalados em greve.
No caso do Hospital Central de Faro, os dados do sindicato apontam para 88 por cento de profissionais em greve, enquanto os dados oficiais indicam 85,6%, com 219 dos 253 enfermeiros a aderirem à paralisação.
Analisando os dados oficiais agrupados por Centros de Saúde, no Algarve Central, no período da manhã, 76 dos 153 enfermeiros (49,7%) pararam, e no agrupamento do Barlavento 66 dos 108 (61%) profissionais paralisaram.
Fazendo ‘zoom’ a alguns dos Centros de Saúde, segundo dados do Sindicato, houve várias unidades com adesões de 100 por cento, tais como Alcoutim, Castro Marim, Vila Real de Santo António e Monchique, Serviço de Urgência Básica de Loulé e Albufeira, Tavira a 95 por cento, Lagos a 96 por cento e Silves a 71 por cento.
Também as Unidades de Saúde Familiar de Olhão e de Faro (Al-Gharb) tiveram adesões de 100 por cento, enquanto a USF Farol (Faro) aderiu a 80 por cento, segundo o SEP.
Instado a comentar a adesão à greve, Nuno Manjua, da delegação do Algarve do Sindicato de Enfermeiros Portugueses, adiantou: “Estamos satisfeitos e temos perspectivas de aumentar no período da tarde”, disse.
Paralelamente, os enfermeiros vão encetar acções de rua amanhã, quinta-feira, em Faro e em Portimão, envergando as batas e distribuindo panfletos à população, explicando o porquê dos protestos.
Para além disso, várias centenas de profissionais estarão já inscritos para se deslocarem a Lisboa na sexta-feira, último dia da paralisação, altura em que os enfermeiros se vão concentrar frente ao Ministério da Educação, às 14h30, e depois desfilam até ao Terreiro do Paço, para se juntarem frente ao Ministério das Finanças.
Recorde-se que os enfermeiros protestam contra a revisão da carreira pelo Ministério da Saúde, que implica entre outras coisas a diminuição dos rendimentos no ingresso da profissão.
Há que lutar contra as prepotêcias deste governo, unindo-se com outras camadas da população que vivem o mesmo flagelo. Nos Sindicatos há que colocar gente que esteja realmente interessada em defeder os interesses de quem é explorado. Com as actuais direcções, todas estas movimentações servem apenas para repartir o bolo do orçamento, depressa se esquecendo de quem lutou na rua. Estas lutas só serão consequentes se na direcção estiverem aquels homens e mulheres que levem a luta até às últimas consequências, a instauração de uma sociedade sem exploração do homem pelo seu semelhante. Olhemos para o caso dos professores, de derrota em derrota até à derrota final.



quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Câmara de Olhão vai ser multada por causa de aterro ilegal na Ria Formosa

Essa denuncia foi feita no blog Olhão Livre.
Era bom e éticamente relevante que o pcp,revelasse onde foi buscar a noticia,pois são os cidadão que denuciam os factos criminosos,contra o ambiente da CMO e do seu president FD.Leal em vez de serem os militantes do pcp de olhão, que estão calados que nem uns ratos,talvez porque o traçado da alternativo à 125, vá valorizar muito alguns terrenos ,de gente importante do pcp em olhão.

[ 26 janeiro 2010 ] Antonio Silva




A nossa economia depois da aprovação do Orçamento Geral do Estado para 2010…






Câmara de Olhão vai ser multada por causa de aterro ilegal na Ria Formosa

Segundo o "barlavento online", a Câmara Municipal de Olhão vai ser multada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDRA), por causa de um aterro situado à beira da Ria Formosa, em área da Reserva Ecológica Nacional e numa faixa de domínio hídrico.
A informação foi prestada pelo Ministério do Ambiente, em resposta a uma pergunta formulada por deputados do PCP, após denúncia do movimento de cidadania "Olhão Livre"", sobre descargas de entulho na área da Ria Formosa, em Olhão.
Segundo a resposta do Ministério, «os técnicos da Divisão de Vigilância e Controlo da CCDR Algarve deslocaram-se ao local referido no passado dia 4 de Dezembro».
Essa visita permitiu identificar o local «como sendo uma área de aterro existente já há alguns anos, propriedade da Câmara Municipal de Olhão», mas «verificou-se ter sido efectuada uma descarga recente de resíduos de construção e demolição».
Ora, admite o Ministério do Ambiente, «o local em que ocorreu a deposição está localizado na área do Parque Natural da Ria Formosa e em área de Reserva Ecológica Nacional e, ainda, numa faixa que corresponde a domínio hídrico».
A situação «configura alguma gravidade», pelo que, após conclusão dos relatórios que estão a ser elaborados pelos serviços competentes da CCDRA, «será levantado auto de notícia e notificada a Câmara Municipal de Olhão no sentido de repor a situação original e, porventura, desenvolver um plano de recuperação da zona».
É assim que funcionam as nossas autarquias locais, pelo mais completo desrespeito pelas mais elementares normas de civismo e de cidadania, violando constantemente as normas que são emanadas do próprio Estado a que pertencem.
Ao cidadão, resta primeiro denunciar estes e outros tipos de atentados contra a dignidade não só da natureza como do ser humano. Depois lutar para que todo o entulho que ainda atulha as nossas autarquias e demais órgãos de poder, seja definitivamente enterrado e colocados aí dignos defensores dos interesses de quem trabalha.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Haiti, que ajuda?


O TERREMOTO no Haiti, que afetou de forma particularmente arrasadora sua capital, foi há cerca de uma semana. O pouco de um Estado já frágil foi destruído, a missão das Nações Unidas foi incapaz de ir além de resgatar seus próprios mortos e feridos, a ajuda internacional tarda, e o que vemos são haitianos ajudando haitianos.

Entre quarta-feira e sábado, caminhar pelas ruas do centro de Porto Príncipe e de Pétionville era observar o civismo dos haitianos que, muitas vezes, e como nós, sem entender claramente o que havia acontecido, procuravam cuidar dos feridos, resgatar aqueles que ainda estavam vivos sob os escombros, e dispor de seus mortos. O que vimos foi, de um lado, solidariedade, de outro a ausência quase que total e absoluta das forças da ONU e da ajuda internacional.
Por quê? Afinal, a Minustah não estava no Haiti há cerca de seis anos e não dizia estar agindo no sentido de estabilizar o país e reconstruir o Estado haitiano? Quando nos perguntávamos do porquê da demora de disponibilizar comida e remédios já no aeroporto de Porto Príncipe para as centenas de milhares de pessoas que se aglomeravam nos campos de refugiados improvisados por todos os lados, a resposta era que não existiam canais locais capazes de serem mobilizados para a tarefa.

Homens e mulheres que tinham vindo para ajudar, e as coisas que traziam, se aglomeravam num aeroporto controlado por forças militares americanas, como se de uma operação de guerra se tratasse.

Após seis anos no Haiti, aqueles que diziam que estavam ali para reconstruir o país, não tinham entendido nada, ou muito pouca coisa. Quando fomos às praças e campos de futebol transformados em campos de refugiados, eram as "dame sara", mulheres que controlam as redes comerciais existentes no país, que garantiam o acesso dos haitianos a produtos; eram aquelas que cozinham na rua, "chein jambe", que ofereciam galinha, espaguete, arroz, feijão e verduras aos haitianos e haitianas aglomerados; eram caminhões pertencentes a empresários locais que distribuíam água potável. Haitianos ajudando haitianos.

Por que não aproveitar esta energia e estas redes existentes para fazer chegar a ajuda? Por desconhecimento, talvez, ou talvez por duvidar de sua eficácia, ou da possibilidade de uma vítima ser mais do que uma vítima passiva à espera de ajuda.

O desconhecimento, no entanto, é duvidável. Em nossa visita ao batalhão brasileiro da Minustah, horas antes do terremoto, pudemos ver na apresentação do coronel João Bernardes um extremo conhecimento do funcionamento da sociedade haitiana. Infelizmente, a falta de ajuda parece estar mais ligada às disputas internacionais pelo controle do futuro do povo haitiano do que à emergência da situação.

Sim, os haitianos são vítimas, mas estão longe da passividade: pra cima e pra baixo, entre as "dame sara" e o "chein jambe", vimos jovens escoteiros removendo entulho, jovens pedido ajuda com alto-falantes, médicos haitianos dando atendimento aos feridos nas ruas, freira haitianas prestando os primeiros socorros quando possível. Paralelamente, o aparato da Minustah, cerca de 5.500 militares de diferentes nacionalidades, ou estava parado, ou mobilizado na atenção dos próprios quadros da ONU.

Os haitianos ajudam haitianos, a ONU ajuda a ONU.



Culpas internacionais

Duas reações foram recorrentes nos dias que se seguiram aos terremotos. Uma, talvez a mais primária, era a de responsabilizar a natureza. A outra, a de responsabilizar os próprios haitianos pelo caos que sucedeu ao cataclismo. Afinal, foram incapazes de construir um Estado e, por isso, são incapazes de reagir.

Ambas as reações são perversas. Não estamos só diante de um cataclismo natural, mas também de uma catástrofe social. E o desmantelamento do Estado haitiano não é responsabilidade exclusiva dos haitianos, muito pelo contrário. País com pouca margem de manobra no contexto caribenho ao longo das décadas de Guerra Fria, viu as grandes potências apoiarem uma ditadura regressiva e particularmente violenta; concomitantemente, e especialmente a partir do fim dos anos 1970 e ao longo dos anos 1980, o Haiti, como tantos outros países, foi vítima de profissionais engravatados que aplicavam a mesma receita em qualquer lugar: desregulamentação, estado mínimo, livre comércio.

Foram as pressões do FMI e do Banco Mundial que obrigaram o Haiti a desproteger a produção de arroz no início dos anos 1980. O Haiti era, até então, autossuficiente em arroz.

Em pouco tempo não só se viu obrigado a importar este produto, como massas de camponeses foram expulsas do campo para a capital do país, aglomerando-se em habitações precárias, as mesmas que foram abaixo com o terremoto. Tal como ocorreu com o arroz, o cimento também foi afetado. Antes era produzido no país, e desde finais de 1980 foi importado dos EUA, o que obrigou os haitianos a fazerem uso de tijolos pobremente produzidos com areia. Tais tijolos são frágeis e acabam afetando a própria condição das construções. E podemos seguir adiante para demonstrar que o desmantelamento do Estado haitiano foi obra da "comunidade internacional".

Somente uma crítica sistemática ao próprio caráter da ajuda internacional nas últimas décadas poderá ajudar o Haiti a sair de um atoleiro que não foi construído apenas por ele. O que pudemos observar, além da passividade da própria comunidade internacional, capaz de mobilizar mundos e fundos, mas incapaz de conversar com as "dame sara" para imaginar uma saída criativa para a distribuição da ajuda, foi um movimento mais do que preocupante.

Milhares de soldados americanos ocupam, mais uma vez, o país, como se houvesse uma situação de guerra civil, e o Brasil, já imerso há seis anos em toda essa lama, entra no circo das potências que querem "ajudar" o Haiti.

Sem termos presente o fato de que o Haiti é um país soberano, e que os haitianos não são vítimas passivas de catástrofes naturais, dificilmente sairemos do circulo de pobreza e miséria criada pela própria "comunidade internacional", no qual o Brasil ocupa um trágico lugar central.



OMAR RIBEIRO THOMAZ, 44, é professor de antropologia da Unicamp; OTÁVIO CALEGARI JORGE , 21, é estudante de ciências sociais na mesma universidade. ESPECIAL PARA A FOLHA, EM PORTO PRÍNCIPE

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Haiti...um vídeo...

Poderia bastar dizer sem comentários…o comportamento dos países imperialistas, naturalmente tendo há cabeça o imperialismo norte-americano, na tragédia que assolou o Haiti, atingindo dramaticamente o seu povo, está demonstrando pela saciedade a vergonhosa ingerência nos interesses de um povo, aproveitando a fragilidade gritante deste povo severamente castigado pela natureza e pelo homem e como diz a canção…

"Quando você for convidado pra subir no adro da Fundação Casa de Jorge Amado pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos Dando porrada na nuca de malandros pretos De ladrões mulatos e outros..."