quinta-feira, 25 de novembro de 2010

GREVE GERAL PARALISA ALGARVE

A Greve Geral de ontem afectou todos os sectores da vida Algarvia, como transportes, tribunais, autarquias, administração pública, escolas e Universidade. Mesmo no sector do turismo, numa altura em que as unidades hoteleiras se encontram com baixa ocupação, a Greve fez-se sentir.
Segundo o Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup) “os objectivos foram atingidos”, com 90% cento de adesão na Universidade do Algarve e de “uma greve com adesão significativa entre os funcionários não docentes” e da “não comparência de alunos”. No concelho de Faro encerraram as escolas: EB 2/3 Neves Júnior, EB 2/3 Joaquim Magalhães, EB1 S. Luís, EB 2/3 Sto. António, EB1 Penha, EB 2/3 D. Afonso III, EB1 Carmo, Sec. João de Deus, EB 2/3 Montenegro, JI/EB1 Montenegro, EB1 Montenegro, EB1 Pontes de Marchil, EB1 Patacão, EB1 Ancão e EB2/3 de Estoi. Em Olhão, os estabelecimentos de ensino encerrados foram: EB 2/3 Carlos da Maia, 2/3 Paula Nogueira, EB1 nº 4, EB 2/3 Alberto Iria, EB 2/3 João da Rosa, EB1 Cavalinha, BI/JI nº 6, EB 2/3 Moncarapacho e Secundária de Olhão. Em Monchique, a EB1 nº1, EB1 nº2, e JI Monchique. Em Vila do Bispo foi afectada a EB2/3 Vila Bispo e em Loulé não houve aulas na EB2/3 Padre Cabanita e Secundária de Loulé. Em Albufeira as escolas sem aulas foram: EB2/3 Paderne, EB/Secundária de Albufeira e Secundária de Albufeira. Ficaram ainda sem aulas a EB 2/3 Silves, a Secundária de Lagoa e a EB 2/3 Parchal, em Lagoa; a Secundária de Vila Real de Santo António, a Secundária de Lagos, a Secundária Laura Ayres e a EB 2/3 S. Pedro do Mar, em Quarteira, a Secundária Manuel Teixeira Gomes e EB 2/3 Júdice Fialho, em Portimão.
A greve afectou ainda vários serviços das autarquias locais. Na câmara de Albufeira, os dados da União de Sindicatos indicam que os estaleiros estavam 80 por cento em greve. Dos oito electricistas apenas dois estavam a trabalhar, o sector do lixo estava com 85 por cento de greve, a secção de pessoal esteve fechada, a secção de contabilidade apenas teve quatro, dos 18 funcionários, ao serviço, o atendimento ao público não abriu, a tesouraria também não, as escolas encerradas, a biblioteca fechada, a secção de educação estava fechada, assim como o gabinete da presidência e vereação.
Na autarquia de Aljezur o cenário foi o seguinte: escola encerrada, lixo com 70 por cento de greve, edifício da Câmara Municipal encerrado, armazéns encerrados, jardim-de-infância teve apenas uma de três salas a funcionar, cantoneiros de limpeza (varredores) 100 por cento de adesão à greve, cantina fechada, secção de obras adesão de 80 por cento.
No município de Alcoutim registou-se 80 por cento de adesão à greve e as escolas estavam fechadas.
Na autarquia de Faro a adesão foi de 20 por cento no sector administrativo, devido a grandes pressões do Presidente Macãrio Correia. O sector de fiscalização estava encerrado. No que respeita à empresa municipal FAGAR, o edifício registou 20 por cento de adesão, contadores e canalizadores 50 por cento de adesão, secção de pintura 60 por cento de adesão, carpintaria 50 por cento de adesão, jardins 10 por cento de adesão.
A Câmara de Lagoa, teve os armazéns fechados, no edifício da autarquia houve 30 por cento de adesão, nos jardins 50 por cento, as piscinas estiveram encerradas, armazéns de logística fechados, secção de águas, quatro trabalhadores em greve, num total de 10, pavilhão desportivo fechado, limpeza e saneamento 100 por cento de greve, parque de viaturas 100 por cento de greve.
No município de Loulé a adesão foi de 100 por cento nas secções de lixo, tesouraria, águas, electricidade, contabilidade e obras. No mesmo concelho houve uma adesão de 50 por cento nas secções de carpintaria e no edifício da Câmara Municipal.
Na câmara de Monchique houve 100 por cento de adesão à Greve Geral nos armazéns e na recolha do lixo, 90 por cento no edifício da autarquia e 80 por cento nas escolas.
Quanto ao município de Olhão, os dados da USAL indicam uma adesão de 100 por cento na recolha do lixo noite e na secção de obras, 80 por cento na secção de trânsito, 75 por cento no saneamento, e 50 por cento na recolha de lixo dia.
Na autarquia de Portimão, os armazéns aderiram a 100 por cento, a secção de fiscalização esteve fechada e o edifício camarário contou com 40 por cento dos funcionários em greve.
Quanto à câmara de Silves, a secção de recursos humanos registou 98 por cento de adesão à greve, as secções de carpintaria, de electricidade e pintura aderiram a 100 por cento, a secção de expediente 99 por cento, a DGU 97 por cento, a secção de águas 90 por cento e a secção de cultura 50 por cento.
No município de Tavira estiveram fechadas as secções de pessoal e de taxas e licenças, a adesão é também de 100 por cento na secção de desporto e nos motoristas, os armazéns registaram 98 por cento de adesão e o edifício da autarquia 80 por cento. A Loja do Cidadão, que inclui alguns serviços camarários, não chegou a abrir.
A câmara de Vila do Bispo registou uma adesão no concelho de 30 por cento.
No município de Vila Real de Santo António estavam fechadas as oficinas, as escolas e 99 por cento da Solvia. A secção de limpeza autárquica esteve toda em greve.
No que respeita aos Bombeiros, os Municipais de Tavira e os Voluntários de Vila do Bispo estavam a cumprir serviços mínimos.
Nas juntas de freguesia do distrito de Faro estavam encerradas: Albufeira, Paderne, Alte, Porches, Santa Luzia, Pereiro, Aljezur, Odeleite, Carvoeiro, São Pedro, Lagoa, Barão de S. João, Santa Bárbara de Nexe, Bensafrim, São Sebastião e Santa Maria, em Lagos, Odiáxere, Benafim, São Clemente, Quarteira, Mexilhoeira Grande, Alcantarilha, Portimão, Silves; Cabanas, Santo Estêvão e Santa Maria em Tavira, Barão de São Miguel, Monte Gordo e Vila Nova de Cacela.
No sector de enfermagem a adesão à greve foi, no turno da manhã, de 83 por cento no Hospital de Faro (não se realizaram 80 por cento das consultas externas e cirurgias só de urgência), 93 por cento no Hospital de Portimão, 93 por cento no Hospital de Lagos e no Instituto da Droga e da Toxicodependência a adesão foi de 100 por cento no turno da noite e de 46 por cento no turno da manhã.
Nos organismos da administração pública, a USAL indica que estavam encerrados o IPJ, os Bares do Serviço de Acção Social da Universidade do Algarve e o Instituto Geográfico/Cadastral, este último com uma adesão de 90 por cento. No Centro Distrital de Segurança Social a adesão foi de 80 por cento. Os serviços de Segurança Social estiveram ainda encerrados em Olhão e Loulé.
Por sua vez, o Sindicato dos Funcionários Judiciais refere que a adesão à Greve Geral foi de 100 por cento em tribunais como Olhão e Faro.
O Aeroporto de Faro não teve voos a operar devido à forte adesão à greve por parte dos trabalhadores do Aeroporto de Faro. Algumas companhias optaram por embarcar os passageiros a partir do Aeroporto de Sevilha.
Adesão em massa foi também a dos trabalhadores portuários do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM), os pilotos da barra e os controladores de tráfego marítimo, o que levou ao encerramento de todas as barras e portos do Algarve.
De Sagres a Vila Real de Santo António, foram afectadas todas as actividades e operações portuárias com os navios mercantes, de comércio, cruzeiros, pescas e recreio e nos estaleiros.
No Porto de Portimão um navio de cruzeiros, o "Saga Pearl II", com 446 passageiros e 252 tripulantes a bordo, cancelou a escala e desviou a rota para o Porto de Sevilha.
No Porto de Faro, um navio mercante que esperava atracação para carregar 2.200 toneladas de alfarroba, com destino ao Reino Unido, ficou ao largo.
Trabalhadores da pesca deixaram as embarcações de pesca amarradas ao cais, protesto a que se juntaram os trabalhadores da Docapesca e dos estaleiros. Em Olhão, a frota de pesca da sardinha do Porto de Olhão, constituída por 10 embarcações, não saiu para o mar.
No supermercado Lidl, em Tavira, os trabalhadores aderiram em massa. O espaço comercial abriu com dois chefes, um a repor a fruta e outro à caixa.
A adesão de alguns dos seus trabalhadores à Greve Geral e a presença de um piquete de greve à porta levou a gerência do Pingo Doce a chamar a PSP de Olhão. “O sector não estava habituado a que os seus trabalhadores aderissem a lutas por melhores condições de trabalho”, diz o sindicato.
Nos comboios, apenas circularam os previstos pelos serviços mínimos, e ainda assim com alguns atrasos. A CP e a REFER, de uma forma abusiva e até ilegal, lograram impor a circulação de 13 circulações, tendo algumas delas circulado quase sem passageiros. Na rodovia a adesão também foi grande, sendo que grande parte dos carros que saiu eram conduzidos por motoristas a contrato.

O Algarve esteve eclipsado no dia de ontem, ao contrário do que possa ter parecido à Ministra do Trabalho

Estima-se que a nível nacional tenha havido mais de 3 milhões de grevistas. Muitos outros tiveram vontade de se lhes juntarem, mas ou por pressões das entidades patronais ou por débeis vínculos contratuais, não o puderam fazer. Juntando a estes os que já não trabalham ou se encontram desempregados, é um número que representa uma larga maioria, mais que absoluta, da população que está abertamente contra a política do grande capital, personificada em José Sócrates. A vontade de lutar, viu-se ontem, é enorme, há que a transformar em luta com objectivos precisos. As centrais sindicais e os sindicatos, não conseguem tirar daqui as ilações devidas por estarem atolados pelo oportunismo, com o revisionismo à cabeça. A luta imediata de toda esta massa de descontentes, tem de ser o derrube do governo Sócrates e a formação de “um governo democrático que sirva o trabalho e não o capital, que adopte um plano efectivo de desenvolvimento económico e de apoio a todos os sectores produtivos, que elimine o desemprego, que redistribua o rendimento e que reponha o direito à saúde, à educação e à segurança social. Num tal governo devem poder participar partidos, personalidades e sectores democráticos que não estejam comprometidos com o desastre a que chegou o país e que representem o eleitorado popular.” E como objectivo mais avançado a instauração do Socialismo.
É com estes objectivos que devemos participar no protesto conjunto dos trabalhadores de vários países da UE em 15 de Dezembro em Bruxelas.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

lunidvitoria.jpgEm frente com a Greve Geral de 24 de Novembro!






PARAR O PAÍS PARA DERRUBAR O GOVERNO E SALVAR QUEM TRABALHA!

Um grupo de grandes capitalistas e especuladores, apoiados pela alta finança internacional e tendo como instrumentos a União Europeia, um governo de lacaios e uma imprensa vendida, desencadeou contra os trabalhadores e contra o povo português aquele que é certamente o maior ataque às suas condições de vida ocorrido nos últimos cinquenta anos.
De surpresa, logo após as eleições legislativas de há um ano, nas quais foi prometido um apoio acrescido às vítimas da crise económica e uma forte acção do governo para combater o desemprego, foi tudo o contrário aquilo que se passou. Os desempregados ultrapassam já os 11% da população activa e os subsídios e apoios a estes vão sendo sistematicamente eliminados. Pela primeira vez na nossa história recente, os salários dos trabalhadores começaram a ser diminuídos em termos nominais e os impostos sobre o trabalho não cessam de aumentar. As reformas de miséria dos trabalhadores já começaram também a ser reduzidas, enquanto os gastos com medicamentos e com bens essenciais sofrem aumentos em cada dia que passa.
Vilmente explorado no emprego e em situações de desemprego e de reforma, cada trabalhador português é, além disso, permanentemente perseguido por medidas sucessivas que lhe sugam as parcas economias que ainda consegue trazer para casa. Sob a forma de impostos, mais de metade do seu rendimento anual médio vai hoje parar directamente às grandes instituições financeiras, para pagamento de juros e amortizações de uma dívida pública contraída pelo governo a mando dos capitalistas e para benefício exclusivo destes.
É esta a engrenagem mortal que asfixia o país e liquida as suas forças produtivas, ao mesmo tempo que enche os bolsos a uma minoria de grandes capitalistas e seus serventuários. Num dos jornais de referência destes últimos, vinha há dias publicado um texto tão notável como execrável, da autoria de um destacado e aplaudido colunista semanal do mesmo, no qual, a propósito da actual crise e das suas soluções, se diz o seguinte:
«A democracia é a suprema superstição contemporânea. (…) Confio que, enfim governados por sábios insensíveis aos clamores da rua, nos aguarda um futuro risonho. O mundo é hoje demasiado complexo para admitirmos que as sociedades estejam dependentes dos caprichos de eleitorados ignorantes em grande medida parasitas do Estado Social. Talvez não haja emprego para todos, mas a verdade é que nem todos querem trabalhar. Talvez alguns se escandalizem com as desigualdades económicas, mas é preciso premiar o mérito. Os que estão a mais, tarde ou cedo serão forçados a aceitar que, como lapidarmente proclamou o Reverendo Malthus: “Não há lugar para eles no banquete da Natureza.”»
(J. Pinto e Castro, Jornal de Negócios, 20/10/2010)

luv_cartaz.jpgÉ este, nu e cru, o pensamento da classe parasitária que governa o país. Para esta, a democracia é um verbo de encher para enganar o “eleitorado ignorante”; o futuro é “risonho” para os exploradores e privilegiados; os que estão desempregados são os que não querem trabalhar; os ricos e os pobres têm aquilo que merecem; e, como defendia Malthus há duzentos anos, a população excedentária há que liquidá-la, devendo as primeiras vítimas ser escolhidas naturalmente de entre os mais vulneráveis, os velhos e as crianças – “não há lugar para eles no banquete da Natureza”. É este, sem tirar nem pôr, o real significado das “medidas de austeridade” decretadas pelo governo contra a população trabalhadora em Portugal.
No próximo dia 24 de Novembro ocorrerá um importante confronto entre a classe capitalista (representada pelos “sábios insensíveis”) e as classes trabalhadoras (os protagonistas do “clamor da rua”). A preocupação central de cada trabalhador nesta hora dramática e decisiva para o seu futuro e da sua classe tem de ser a de preparar meticulosamente a greve geral nacional convocada pelas centrais sindicais e pelos sindicatos representativos dos trabalhadores.
É preciso garantir que todas as empresas e locais de trabalho, os transportes, o comércio e as escolas paralisem nesse dia. A constituição de comités de greve, a firme resistência à imposição de “serviços mínimos” destinados a boicotar esta jornada de luta, a ocupação dos locais de trabalho durante a greve, são acções e tarefas que têm de ser preparadas desde já com todo o vigor e determinação.
Os trabalhadores mais conscientes da importância desta greve geral devem assumir a tarefa de mobilização de todos os seus camaradas de trabalho e também de todas as camadas da população que são vítimas das ditas “medidas de austeridade”, os desempregados, os reformados, os jovens estudantes e trabalhadores, os pequenos proprietários e todos os sectores democráticos da população.
A greve geral de 24 de Novembro tem de servir para colocar nas mãos dos trabalhadores o poder de iniciativa na guerra social que está em curso no país, retirando essa iniciativa ao governo e ao patronato. Em lugar de se permitir que sejam os partidos do capital, o PS e o PSD, a provocar eleições antecipadas no momento e nas condições que mais lhes convierem, deve-se desde já impor o derrubamento do governo Sócrates pela força e unidade dos trabalhadores e do povo português.
O governo actual não tem legitimidade para continuar a governar o país porque nenhuma das medidas anti-operárias e antipopulares que constam dos sucessivos “Planos de Estabilidade e Crescimento” e do Orçamento Geral do Estado para 2011 estavam inscritas n o seu programa eleitoral. Também o parlamento perdeu a sua legitimidade no momento em que aprovou aquelas medidas, devendo por isso ser imediatamente dissolvido.
A força necessária para derrubar o governo Sócrates é a força que poderá impor um novo governo – um governo democrático que sirva o trabalho e não o capital, que adopte um plano efectivo de desenvolvimento económico e de apoio a todos os sectores produtivos, que elimine o desemprego, que redistribua o rendimento e que reponha o direito à saúde, à educação e à segurança social. Num tal governo devem poder participar partidos, personalidades e sectores democráticos que não estejam comprometidos com o desastre a que chegou o país e que representem o eleitorado popular.
Os trabalhadores portugueses não estão sozinhos na presente emergência. A nível europeu travam-se neste momento grandes combates com a mesma natureza – na Grécia, em França e em muitos outros países. É importante que estas frentes de luta se unam numa só, contra as políticas emanadas da União Europeia e por uma alternativa global às mesmas. Para isso, é importante que todos os trabalhadores, em cada país, ergam bem alto a bandeira da luta, da unidade e da vitória.

EM FRENTE COM A GREVE GERAL NACIONAL!

NO DIA 24 DE NOVEMBRO, VAMOS PARAR O PAÍS!

3 de Novembro 2010

A Linha Sindical Luta-Unidade-Vitória