Passou
hoje uma semana sobre a realização do último sufrágio para a Assembleia
da República. Com excepção dos dois círculos eleitorais do estrangeiro,
cujos votos, quaisquer que eles sejam, nunca alterarão o quadro final
das relações entre os partidos já conhecido, toda a gente sabe que a
coligação fascista da direita e da extrema-direita – PSD/CDS – perdeu a
maioria absoluta em número de votos e de deputados eleitos, que o
segundo partido mais votado é o derrotado PS de António Costa, que em
terceiro lugar ficou o Bloco da classe média urbana e da esquerda caviar
e, por derradeiro, o partido revisionista e social-fascista de Jerónimo
de Sousa, já que não se deve dar qualquer crédito ao partido que, num
país de fome e de miséria, logrou eleger um deputado para representar,
em São Bento, os hipocondríacos proprietários citadinos de gatos e de
cachorros.
O mentecapto presidente
da república, que nos calhou ter em sorte nesta altura, bloqueia a
norma do nº 1 do artº 187º da Constituição da República e está a sabotar
a formação do governo que haverá de sair da assembleia eleita.
Assim,
já se passaram oito dias, e o palonso que temos em Belém nem sequer
começou ainda a ouvir os partidos representados na Assembleia da
República, nem nomeou ainda o primeiro-ministro, tendo em conta, como o
reclama a norma constitucional, os resultados eleitorais.
Cavaco
vai para a rua, com a condecoração popular de indecente e má figura,
dentro de cinco meses, precisamente no dia 9 de Março de 2016, e, se
calhar, julga poder
passar estes cinco meses que lhe faltam para ir pentear macacos a
inventar pretextos para impor ao país um governo de maioria absoluta,
juntando na mesma cama Passos, Portas e Costa, o que, diga-se de
passagem e sem réstia de homofobia, é pouca mulher para tanto homem.
Não
há pois governo, porque o presidente da república quer um governo de
iniciativa presidencial impossível e anticonstitucional, que aliás não
tem suporte nos resultados eleitorais da semana passada. E em vez de
ouvir imediatamente, e como lhe cumpre, os partidos com representação
parlamentar e de imediatamente, como também
lhe cabe, nomear um primeiro-ministro dedutível dos resultados
eleitorais, deixando depois ao normal jogo de forças parlamentares a
questão de saber se o primeiro-ministro nomeado tem ou não apoio na
assembleia, Cavaco chama a Belém o traidor Passos Coelho e manda-o andar
por aí às voltas,
a ver se caça um parceiro político que acrescente uma maioria absoluta à
maioria relativa dos partidos da coligação da direita e da
extrema-direita, isto é, do PSD com o CDS.
Aterrorizado com a manobra cavaquista da formação de um governo de bloco central, reunindo os três partidos que os teóricos do capitalismo doméstico designam como os partidos do arco do poder
– PSD, CDS e PS – e que são os partidos responsáveis pelo governo do
país nos últimos quarenta anos, e portanto responsáveis pelo
estado de calamidade e de miséria em que vivemos, o revisionista e
social-fascista Jerónimo, com a canalha dirigente do PCP, atracam-se a
António Costa e empurram-no para a formação de um governo do PS,
garantindo-lhe o apoio parlamentar do PCP e do Bloco dito de Esquerda.
Vejam,
estimados leitores, as cabriolas e as cambalhotas de que são capazes os
revisionistas, oportunistas e social-fascistas de Jerónimo e do PCP em
menos de oito dias… O seu objectivo político essencial, nos últimos
quatro anos, que culminaram com o acto eleitoral de 4 de Outubro, foi a
constituição de governo patriótico e de esquerda, no qual manifestamente não cabia o chamado Partido Socialista de António Costa, isto segundo eles diziam.
Costa
e o PS, aliás, foram o bombo da festa de Jerónimo e seus oportunistas
durante os últimos quarenta dias e quarenta noites da campanha
eleitoral.
Bem denunciámos nós aos operários e a todo o povo trabalhador que o conceito de governo patriótico e de esquerda, salivado na boca de Jerónimo, além de ser uma contradição nos termos, se destinava apenas a enganar papalvos.
Na verdade, não tinham ainda arrefecido nas urnas os votos obtidos para um governo patriótico e de esquerda,
depois de uma campanha em que Jerónimo atacou forte e feio António
Costa e o PS como um baluarte da Tróica em Portugal, e eis que o
caudilho social-fascista do PCP, esquecendo tudo o que havia imputado ao PS e a António Costa, enquanto "líder de um partido de direita",
se prostra de joelhos diante do até agora reaccionário Costa e do PS de
direita, implorando-lhes, pelas alminhas, que aceitem formar um governo
do PS, com eles, revisionistas do PCP, e com elas, as meninas
oportunistas do Bloco, venham eles e elas a ser ministros do Governo de
Costa ou não venham a ser mais nada do que bengalas parlamentares do
reaccionário António Costa e do PS, partido de direita.
E
eis como, em menos de oito dias, a ideologia política oportunista do
PCP e do BE consegue transformar o objectivo de luta por um governo patriótico e de esquerda num governo patriótico e de direita.
Ora
um governo do PS e de António Costa não pode ser outra coisa senão um
governo da Tróica e do capital alemão. Basta ler o programa político com
que o PS de António Costa se apresentou ao eleitorado há oito dias.
Como
é que o PCP e o Bloco podem apoiar um governo desta natureza? E que
diferença existe entre o governo da Tróica, conduzido por Costa ou pela
coligação de direita e de extrema-direita? Que política de esquerda é esta que se propõem o PCP e o Bloco, ao apoiarem o governo de António Costa e do PS?
Política de esquerda esta? Isto não é política de esquerda. Isto é tudo um putedo!
E é contra este putedo todo que se têm de erguer o povo trabalhador, a classe dos operários e os verdadeiros comunistas.
Qualquer que seja o governo que saia da Assembleia da República
eleita no sufrágio do último domingo, seja da coligação Coelho/Portas,
seja o do arco governativo Coelho/Portas e Costa, seja o governo de
Costa com o apoio directo ou apenas parlamentar dos revisionistas do PCP
ou das meninas
oportunistas do Bloco, qualquer desses três governos é um governo da
Europa Alemã, do capital germânico, da Tróica, de Ângel Merkel e de
Schäuble, mas nunca um governo do povo português, nunca um governo ao
serviço da classe operária e dos trabalhadores.
E
fiquem sabendo: qualquer desses governos terá sempre, apesar da miséria
que impõe aos portugueses, o grande mérito de abrir os olhos aos
proletários e ao povo: só a revolução proletária, só o comunismo acabará
com a exploração do homem pelo homem.
Notem porém os operários portugueses que o apoio
parlamentar dos revisionistas do PCP e dos oportunistas do Bloco a um
governo do PS e de António Costa significa que não haverá aumento de
salários nem de pensões ou de reformas nos próximos quatro anos, o que
vai significar também mil e seiscentos e sessenta milhões de euros no
corte das reformas e pensões e do capital acumulado da segurança social.
Quanto à luta sindical, com as duas centrais
(UGT e CGTP) a apoiar a política de austeridade e terrorismo do mesmo
governo, terão os trabalhadores de travar contra todos os sindicatos
oportunistas uma luta de morte. O apoio do PCP e do Bloco a um governo
do PS e de Costa vai significar a política da Tróica com apoio do PCP e
do Bloco. Uma coisa que os leitores julgariam impossível. Mas não é…
Preparemo-nos,
pois, para a luta. Qualquer que seja o próximo governo, teremos de
lutar contra ele. Essa é a nossa missão de proletários e de comunistas.
Não nos deixemos iludir pelos cânticos da sereia, seja ela dos lacaios
do PCP ou dos lacaios do Bloco.
11.10.2015
Arnaldo Matos
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